Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central vai apresentar o potencial do ramo têxtil e de moda de Goiás para os participantes do evento. Foco é proporcionar novos negócios e levar marcas goianas para além das fronteiras brasileiras
Com mais de 60 milhões de peças produzidas todo mês pelas oito mil confecções espalhadas pelo Estado, a indústria têxtil e de moda goiana já conquistou o mercado nacional. É um ramo econômico que alcançou faturamento superior a R$ 10,6 bilhões em 2022, de acordo com dados do Instituto Estudos e Marketing Industrial (IEMI). Isso representa 5,5% do total de faturamento nacional.
Atualmente, Goiás possui também o segundo maior polo de moda brasileiro, atrás apenas do Brás, em São Paulo. Um dos destaques locais é a Região da 44, em Goiânia, considerado o maior polo de moda do Centro-Oeste. São quase 16 mil lojas que atendem clientes de todo o Brasil e de fora do País também, especialmente da América Latina, África e Estados Unidos.
Se a indústria da moda goiana é sucesso no Brasil, agora o foco é ampliar a visibilidade dos produtos ‘made in Goiás’ no mercado internacional. É o que pretende fazer a Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex), entre os dias 27 e 29 de agosto, na capital goiana. O evento vai receber visitantes de vários países do mundo e será espaço para apresentar ao mundo o potencial da indústria têxtil e de moda do Brasil Central, principalmente de Goiás.
“É uma área de grande relevância para o Estado, porque movimenta a economia de vários municípios, possibilitando a criação de emprego e renda para milhares de famílias. Além da 44, que é importante polo de comercialização, temos confecções espalhadas pelo interior que são responsáveis por abastecer o mercado da moda em vários pontos do Brasil. São produtos goianos que já chegaram a alguns países e podem alcançar ainda mais lugares. Sabemos que há uma oportunidade de negócio nessa indústria e com a Ficomex pretendemos mostrar isso aos visitantes e quem sabe já permitir a abertura de novos comércios para a moda goiana”, enfatiza o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti.
Ele informa que para isso foram programadas na feira atividades como rodadas de negócios, exposição de produtos, workshops, palestras e painéis. No dia 29 de agosto, das 9 às 12 horas, um dos workshops trará para discussão diferentes temáticas ligadas à área de moda e têxtil. O coordenador de Inteligência Competitiva da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Oliver Tan Oh, vai ser um dos convidados e fará uma apresentação sobre mercado internacional e oportunidades de negócios.
O relatório ‘O Brasil Têxtil 2023’ – elaborado, produzido e editado pelo IEMI, com apoio institucional da Abit e do Senai CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil) -, revela, por exemplo, que hoje o Brasil é um dos grandes produtores e um dos maiores consumidores mundiais de produtos têxteis, em geral, mas que o comércio internacional ainda é tímido. Para a entidade, isso leva a concluir que, nesse segmento industrial, o País se enquadra claramente no perfil de “produtor-consumidor”, isto é, produz o suficiente para si, com parcelas relativas muito pequenas destinadas à exportação e sem grandes necessidades de importação.
Para vencer o desafio de levar os produtos goianos para além das fronteiras brasileiras é preciso dar apoio e proporcionar conhecimento aos empresários, especialmente micro e pequenos empreendedores. É o que o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) tem feito e pretende discutir durante a Ficomex. A gestora Estadual de Moda pela instituição, Thais Oliveira, vai também participar do workshop no dia 29 de agosto e fará uma apresentação da atuação do Sebrae Goiás no setor têxtil.
Além de cursos e consultorias, o Sebrae Goiás realiza um evento chamado de Semana da Moda Goiana Amarê Fashion, que ocorre neste mês de agosto com rodadas de negócios, talks e palestras com profissionais do mercado de moda nacional e internacional. Para a entidade, a cadeia têxtil é extremamente pujante no estado de Goiás, responsável por uma média de 200 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
Pesquisa do Sebrae aponta ainda que Goiás é o sétimo maior produtor de vestuários do Brasil, além de ser responsável por aproximadamente 75% da produção total da região Centro-Oeste. Diante das oportunidades do setor, a instituição passou a investir cada vez mais na capacitação dos micro e pequenos empresários do ramo, a fim de impulsionar a indústria têxtil de todo o território goiano.
A autora do livro e do método Efeito Diamante, Luciene Moreira – que é especialista em Moda, Imagem Pessoal e Branding -, será também uma das palestrantes no workshop. Ela vai abordar o tema “Moda e Comércio Exterior: Estratégias para o Sucesso”.
Casos de Sucesso
Umas das formas de mostrar aos participantes os caminhos para alcançar o mercado internacional é por meio de histórias bem-sucedidas de empresários e empreendedores. Durante o workshop, a Ficomex trará três cases de sucesso na indústria da moda e têxtil. O primeiro deles é do empresário e presidente do Grupo Mega Moda, Carlos Luciano, que apostou, por exemplo, no potencial da Região da 44 e do setor, na capital goiana.
Já a estilista e empresária Lidianne Andrade estará presente na feira para falar sobre a Ostra Brasil, marca goiana que surgiu em dezembro de 2009 com criações como biquínis, maiôs, saídas de praia, roupas e peças leves. Conhecida internacionalmente, a Ostra atua no mercado externo B2B desde o primeiro ano de existência e hoje atende também ao mercado varejo através do seu site internacional, onde envia diariamente seus produtos para todo mundo. Além de contar um pouco da história da marca, Lidianne pretende falar sobre a internacionalização da moda brasileira: a exportação do vestuário.
Quem fará parte ainda do workshop é a empresária goiana Anna Prata, proprietária da marca de acessórios que leva o nome dela e que surgiu no mercado em 2016. Desde então, as plataformas digitais são os principais meios de comunicação e vendas, em especial, o Instagram.
Números da indústria da moda e do setor têxtil no Brasil
Em 2022, a cadeia têxtil no Brasil produziu aproximadamente R$ 193,2 bilhões, cifra que é equivalente a 6,6% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação. De todo modo, importante destacar que neste contexto estão excluídas as indústrias de extração mineral e de construção civil.
Os empregos gerados pela cadeia analisada somaram cerca de 1,3 milhão de postos no ano de 2022, quantitativo que foi equivalente a 18,2% do total de trabalhadores alocados na produção industrial no referido ano. Esse número demonstra a importância do setor para a economia, em geral, dada a significativa parcela de empregos ligados à área têxtil na indústria de transformação nacional.
O comércio exterior é um dos grandes destaques do setor têxtil, sendo possível observar maior expressão, especialmente, nas últimas duas décadas, com a nova configuração dos grandes players mundiais. Nos últimos 10 anos, isto é, de 2012 a 2022, o setor, como um todo, apresentou crescimento médio de 2,3% ao ano. Ao analisar de forma desagregada, foi possível verificar que o segmento de têxteis movimentou-se positivamente, dentro do mesmo período, a taxas médias de 1,0%, sendo que o vestuário apresentou expansão média de 2,8% ao ano. No último ano (2022), foi estimado um crescimento de, aproximadamente, 5,1% no comércio mundial do setor, na comparação com o ano de 2021.
Ficomex
A edição 2024 da Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex), considerada a maior feira de internacionalização de negócios do País, será realizada entre os dias 27 e 29 de agosto, no Centro de Convenções de Goiânia.
Nos três dias de programação, a Feira pretende reunir três eixos: negócios, educação e políticas públicas, em um só local, com mais de 170 expositores de diversos países e dos sete estados que compõem o Consórcio Brasil Central (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia). Na programação, ainda estão previstas palestras e workshops sobre as áreas temáticas. Mais informações em ficomex.acieg.com.br.
O evento é promovido pela Acieg, por meio da Comex-Acieg, e Faciest, com correalização do Governo de Goiás, e parceria com entidades empresariais, terceiro setor e poder público. A ação também tem o apoio do Sebrae Goiás e do Consórcio Brasil Central.
São patrocinadores da Ficomex: Antares Aeroporto, Porto do Açu, Porto de Suape, Accredited Franchise, Unimed, São Salvador Alimentos, Grupo IEST, Alibaba, Sicoob Unicentro BR, Lundin Mining e Sescoop/OCB-GO.